Sergio Moro atribui ao governo de Lula e PT a cassação de Deltan e alerta para insegurança jurídica no Congresso
O senador Sergio Moro (União Brasil-PR), ex-juiz e ex-ministro da Justiça, fez declarações polêmicas sobre a cassação do mandato do deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), na última terça-feira (16), após julgamento relâmpago no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo Moro, a decisão do Tribunal vai para conta do governo do presidente Lula e do PT pela decisão que moveu a ação contra o ex-coordenador da Operação Lava Jato.
Em entrevista, o senador expressou respeito pelos tribunais, ministros e seu entendimento, mas destacou um contexto de perseguição à oposição que não pode ser ignorado. Moro discorda da interpretação feita pelos ministros do TSE sobre a Lei da Ficha Limpa e critica a postura de aliados de Lula.
Ele ressalta que o governo tem utilizado a estratégia da polarização política, o que é semelhante ao que se criticava no governo anterior. Questiona se houve realmente uma mudança ou se o cenário se resume a uma troca de papéis. Moro afirma estar tranquilo em relação ao seu próprio mandato, lembrando que, no final do ano passado, o TSE manteve, por unanimidade, a validade de sua candidatura.
Ao ser questionado sobre a decisão do TSE, Moro lamenta o ocorrido, discordando respeitosamente da decisão e esperando que o próprio TSE ou o Supremo Tribunal Federal (STF) possam eventualmente rever a decisão. Ele atribui a culpa ao governo, mencionando que o clima de continuidade da polarização tem contribuído para a cassação, a ameaça e a censura, o que não é benéfico para o país.
Sobre a ação movida pelo PT contra Deltan, Moro não comenta fatos desconhecidos por ele, mas menciona o clima criado pelo governo Lula, que favorece a perseguição à oposição, dificultando a recepção de decisões controversas como essa.
Quanto às declarações de Deltan, que mencionou que os corruptos estão em festa com a decisão do TSE, incluindo o ministro Gilmar Mendes do STF e o deputado Aécio Neves (PSDB), Moro afirma que viu manifestações de políticos comemorando a cassação do mandato, mas não teve conhecimento de nenhuma manifestação específica do ministro Gilmar Mendes. Ele ressalta que não há motivo para comemorar, enfatizando a importância de construir um país que respeite as divergências políticas.
Ao ser questionado sobre os efeitos da decisão do TSE, Moro destaca que pode criar um precedente em relação aos mandatos dos parlamentares diante do Conselho de Ética, gerando incertezas e insegurança sobre a aplicação da Lei da Ficha Limpa. Ele acredita que uma possível revisão da lei não seja necessária neste momento.
No geral, Moro lamenta a decisão do TSE, critica o clima de polarização política promovido pelo governo e destaca a importância de se respeitar as divergências políticas, buscando a construção de um país que seja para todos.