Rodoviários mantêm impasse com patrões e greve geral começa a ser articulada em Salvador
A terceira rodada de mediação entre rodoviários e empresários do transporte público terminou, mais uma vez, sem avanço. A reunião ocorreu nesta quinta-feira (22) e aprofundou o clima de impasse que já dura semanas. O Sindicato dos Rodoviários divulgou nota afirmando que os patrões rejeitaram proposta da Superintendência Regional do Trabalho e estariam “empurrando os trabalhadores para a greve geral”.
A entidade acusa os empregadores de manterem uma postura intransigente, ao oferecerem um reajuste de apenas 2,42% e uma contraproposta que, segundo os trabalhadores, retira direitos importantes da atual convenção coletiva. A comissão de negociação dos rodoviários classificou a proposta patronal como inaceitável.
Apesar da pressão por parte dos empresários, o sindicato afirma que tem se mantido aberto ao diálogo durante todas as rodadas de negociação. Ainda assim, não houve qualquer sinalização positiva do setor patronal. “Os empresários rechaçaram a proposta apresentada por um órgão competente, mostrando que não querem negociar. Querem empurrar a categoria para a greve”, diz um trecho do comunicado.
Diante do impasse, o sindicato deve convocar uma nova assembleia nos próximos dias para definir os rumos do movimento, incluindo a possibilidade de paralisação total do sistema de transporte público na capital baiana.
Vale lembrar, que embora a greve seja um direito garantido pela Constituição, no caso de serviços essenciais — como o transporte coletivo urbano — a legislação impõe limites. A Lei de Greve (nº 7.783/89) exige, por exemplo, que a categoria mantenha ao menos 30% dos serviços funcionando e que o aviso de greve seja feito com pelo menos 72 horas de antecedência.
A Justiça do Trabalho pode intervir se considerar que a paralisação prejudica excessivamente a população ou se houver descumprimento das regras legais. Caso entenda que houve abuso, a greve pode ser considerada abusiva, com consequências para o sindicato e seus dirigentes.
Por enquanto, os rodoviários têm seguido os trâmites formais — incluindo a participação nas mediações promovidas pela Superintendência do Trabalho. Ainda assim, o risco de uma paralisação geral preocupa passageiros e autoridades.
A prefeitura de Salvador ainda não se manifestou oficialmente sobre a possibilidade de greve geral.