Política

Lula deixa para trás discurso de campanha e concentra governo em velhos conhecidos para terceiro mandato no Planalto

A quase uma semana de tomar posse para o terceiro mandato na Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já anunciou mais da metade do corpo ministerial que vai comandar a Esplanada dos Ministérios no próximo governo do PT. Com promessa de resgatar a democracia no país, Lula estará acompanhada de velhos colegas de palanques, que participaram de outras gestões do PT à frente do Palácio do Planalto.

Entre os escolhidos está Aloizio Mercadante, que vai presidir o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Entre 2011 e 2015, nos dois mandatos de Dilma Rousseff (PT), Mercadante foi ministro de três pastas: Ciência, Tecnologia e Inovação, Educação (em dois períodos diferentes) e Casa Civil.

Outro aliado do petista e futuro ministro é Fernando Haddad, escolhido para a Fazenda. Ele chefiou a pasta da Educação entre 2005 e 2012, nos dois primeiros governos de Lula e no início do primeiro mandato de Dilma. 

José Múcio Monteiro, que vai assumir o Ministério da Defesa, também integrou a equipe de Lula no passado. Entre 2007 e 2009, esteve à frente da Secretaria de Relações Institucionais. Além dele, o presidente eleito convidou para a sua gestão Mauro Vieira. Ministro das Relações Exteriores entre 2015 e 2016, ele voltará a assumir o Itamaraty no ano que vem.

O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), que foi ministro da Secretaria de Relações Institucionais de 2009 a 2010 e ministro da Saúde de 2011 a 2014, vai chefiar novamente a Secretaria das Relações Institucionais a partir de 2023. Já o deputado federal eleito Luiz Marinho (PT-SP), que esteve na pasta do Trabalho e Emprego e na da Previdência Social, entre 2005 e 2008, será mais uma vez ministro do Trabalho e Emprego.

Para a Advocacia-Geral da União (AGU), Lula designou Jorge Messias. Subchefe para Assuntos Jurídicos (SAJ) da Presidência no governo de Dilma. Ele ficou conhecido como “Bessias” por ter tido o nome citado em interceptação de conversa entre Lula e a ex-presidente em 2016. Ele seria responsável por entregar a Lula o termo de posse como ministro.

A escolha por antigos aliados, que em sua maioria tem alguma mancha na política, vem recebendo críticas de especialistas. Para o sociólogo Fábio Gomes, especialista em estratégia e reputação, “um governo que tem as posições centrais ocupadas pelo PT pode afetar a imagem e a confiança em razão desse histórico de corrupção.” Citou.

O futuro governo do PT terá 37 ministérios, 14 pastas a mais que a atual gestão de Bolsonaro. Para acomodar aliados, os cofres públicos terão que desembolsar cerca de R$ 4 bilhões em quatro anos de mandato. Isso significa um custo anual de R$ 500 milhões, segundo análise do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI).

 

 

 

Comentários: