Justiça afasta Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF
O desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), determinou nesta quinta-feira (14) o afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Em decisão com forte impacto nos bastidores do futebol brasileiro, o magistrado nomeou Fernando Sarney, um dos vice-presidentes da entidade, como interventor e ordenou a convocação de novas eleições “o mais rápido possível”.
A decisão judicial considerou nulo o acordo firmado no início do ano entre Ednaldo e outros dirigentes, que havia encerrado a disputa sobre o processo eleitoral da CBF. Segundo o desembargador, a nulidade se dá pela “incapacidade mental” e possível falsificação de assinatura do Coronel Nunes, ex-presidente da entidade e um dos signatários do documento.
“Declaro nulo o acordo firmado entre as partes, homologado outrora pela Corte Superior, em razão da incapacidade mental e de possível falsificação da assinatura de um dos signatários, Antônio Carlos Nunes de Lima, conhecido por Coronel Nunes”, escreveu o magistrado na decisão.
Ednaldo Rodrigues recebeu a notícia do afastamento enquanto estava em Assunção, no Paraguai, onde participava de um congresso da Fifa. Há possibilidade de que ele recorra da decisão aos tribunais superiores (STJ ou STF), como fez em dezembro de 2023, quando conseguiu reassumir o cargo um mês após ser afastado.
Nomeado interventor, Fernando Sarney rompeu politicamente com Ednaldo e não integrou a chapa de reeleição aclamada em março. Apesar da nomeação, ele afirmou que não pretende interferir no comando técnico da Seleção Brasileira e garantiu a manutenção da negociação com Carlo Ancelotti: “Não vou mexer com isso, não. O futebol segue a sua vida. Sou apenas transitório”, disse em entrevista ao ge.
A nova crise jurídica expõe novamente os conflitos internos na cúpula da CBF. A ação que motivou o afastamento foi impulsionada por dois pedidos feitos ao STF — um da deputada federal Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ) e outro do próprio Fernando Sarney — com base em um laudo pericial que aponta falsificação na assinatura do Coronel Nunes no acordo que deu sustentação à reeleição de Ednaldo.
Caso confirmada a falsidade, o documento perde validade e pode anular o processo eleitoral que garantiu a permanência do dirigente à frente da entidade.