Especialista defende aumento de frota e álcool em gel nos ônibus para combater Covid-19
Na semana passada, o prefeito ACM Neto demostrou preocupação com a alta possibilidade de contaminação pelo novo coronavírus no transporte público. Segundo ele, os ônibus são os principais vetores de disseminação do vírus na cidade.
Assim como o prefeito, vários especialistas já alertaram para o problema. A infectologista do Hapvida Saúde, Silvia Fonseca, é uma delas. Para ela, o espaço dentro dos veículos é o lugar ideal para a propagação da doença.
“Como a gente fica muito tempo em um lugar confinado e com muitas pessoas, a oportunidade de transmissão é muito aumentada. Carregamos o vírus no nariz, boca e garganta e toda vez que a gente fala, essas gotinhas infecciosas vão para o ambiente, e se a pessoa estiver a menos de um metro da outra e essas gotinhas caírem no olho, na boca ou no nariz ela se contamina. Quando a pessoa tosse, espirra ou fala, as gotículas caem nas barras que seguramos no ônibus ou nos assentos. Não é que elas durem para sempre, mas ficam algumas horas ali”, explica a especialista.
A infectologista chama atenção para a alta exposição ao vírus que algumas pessoas precisam passar por conta da necessidade de locomoção. A lógica é simples: quem pega mais ônibus, corre mais risco. “As vezes a pessoa pega uma, duas ou três conduções e o problema só vai piorando”.
Para a especialista, o ideal seria que não houvesse aglomeração dentro dos coletivos e que os veículos, além de higienizados regularmente, tivessem dispensadores de álcool em gel.
“Como a gente solucionaria esse problema ? Com muito mais frota, as pessoas viajando somente sentadas, tendo dispensadores de álcool em gel dentro do ônibus e não deixar ninguém entrar sem máscara”, indica.
“O perigo não passou. Mesmo com a diminuição e os hospitais não tão lotados, nem todo mundo foi infectado na primeira rodada. Existe muita gente para ser contaminada e por isso temos que nos cuidar”, avisou.
Rodoviários na bronca
Um decreto da Prefeitura determina que seja feita limpeza intensificada dos ônibus nas garagens, antes de sair, e ao longo dos trajetos nos terminais e estações. Porém, o Sindicato dos Rodoviários denuncia que a higienização nos veículos não vem sendo feita regularmente.
“Nós damos a primeira viagem e quando chegamos de volta não tem a limpeza como deveria. Está faltando fiscalização”, reclamou o diretor de Comunicação do Sindicato dos Rodoviários, Daniel Mota.
O sindicalista ainda criticou as ações tomadas pelo município e donos de empresas para garantir a segurança de quem usa e trabalha no transporte público. De acordo com ele, 13 rodoviários já morreram vítimas de Covid-19.
“A gente acha que a atuação da Prefeitura e dos empresários em relação aos ônibus é muito pobre. As normas são de um metro de distanciamento para o comércio, com uma limitação de quantitativo de pessoas para ingressar num estabelecimento, mas no ônibus não tem jeito. Deveriam fazer um pouco mais”, disse.
O Consórcio Integra que tem a frente Jorge Castro, responsável pelas relações trabalhistas da empresa, negou que os ônibus não estejam passando por higienização.
“Não podemos aceitar essa reclamação. Precisa apontar, em qual hora, dia, em qual garagem. Nós temos oito aqui em Salvador. Isso não é real. Tem um protocolo da Prefeitura de higienização dos ônibus. Não vamos deixar de fazer num momento desse, pessoas podem morrer por causa disso. Garanto que os ônibus estão sendo higienizados”, afirmou.
Sobre a implantação de álcool em gel no sistema, Castro diz ser ‘impossível’ instalar os dispensadores em cada veículo. “Não é viável, não tem um local específico para colocar. O que precisamos é fazer a limpeza e garantir que nos terminais tenham sabão e álcool em gel. Não dá pra fazer isso, se não vamos ter que repor o dia todo. Operacionalmente isso é impossível. Em nenhum lugar está sendo feito”, alegou.
Em relação à frota, a Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) informou que 60% está circulando. Sobre os outros questionamentos não obtivemos respostas.
Fonte: Varela Notícias
