Esporte

Com provas e indiciamento, Bruno Henrique segue a disposição para atuar pelo Flamengo e CBF assiste em silêncio

O futebol brasileiro mergulha em mais uma de suas vergonhosas páginas. O atacante Bruno Henrique, um dos nomes mais conhecidos do elenco do Flamengo, foi indiciado pela Polícia Federal após ser acusado de participar de um escândalo de apostas esportivas. As investigações apontam que o jogador articulou com outros envolvidos, manipulação de apostas, e teria premeditado sua própria punição em campo para favorecer apostadores — entre eles, o próprio irmão, Wander Nunes Pinto Júnior.

As provas apresentadas pela Polícia Federal não são frágeis. São conversas diretas, datas coincidentes, movimentações suspeitas e ligações na véspera de jogos. Em uma delas, Bruno Henrique crava que receberia o terceiro cartão amarelo contra o Santos, no dia 1º de novembro de 2023. Dito e feito. A mensagem para o irmão, celebrando o “investimento com sucesso”, não deixa margem para dúvidas: havia um suposto acordo escandaloso em curso. E não foi pontual. Havia planejamento, divisão de tarefas e até instruções para esconder o envolvimento direto, com o jogador sugerindo o uso de terceiros para burlar qualquer suspeita.

Diante desse cenário, o mínimo que se espera é uma postura firme por parte das instituições que regem o futebol. Mas o que vemos é o oposto. O Flamengo se esconde atrás de uma nota fria, burocrática, onde exalta o “princípio da presunção de inocência” enquanto mantém o atleta à disposição do elenco — como se nada tivesse acontecido. A CBF, por sua vez, se cala. Mesmo após ter sido notificada pela International Betting Integrity Association (IBIA) sobre as movimentações suspeitas, mesmo após ter encaminhado a denúncia à Polícia Federal, segue como se sua função fosse apenas a de arquivar ofícios.

O que mais precisa acontecer para que o clube e a entidade se posicionem com seriedade? Precisam de um escândalo internacional? De ver atletas presos em campo? O caso de Bruno Henrique não é um ato isolado, mas sim um sintoma de um sistema podre, onde a impunidade se normalizou e onde o dinheiro — até o sujo — fala mais alto que a ética.

A omissão do Flamengo, ao manter o jogador relacionado para partidas mesmo diante de um indiciamento gravíssimo, é uma afronta ao torcedor, ao campeonato e à moral do esporte. A omissão da CBF, que deveria liderar o combate à corrupção nas quatro linhas, reforça o clima de terra sem lei que há muito domina os bastidores do futebol brasileiro.

Não se trata de pré-julgamento. Trata-se de responsabilidade. Até quando clubes e entidades continuarão tratando escândalos como esse com a mesma indiferença cínica? A permanência de Bruno Henrique em campo, após o que foi revelado, é mais que uma vergonha — é um tapa na cara de todos que ainda acreditam que o futebol pode ser algo além de um grande balcão de apostas travestido de paixão.

Enquanto o show segue nos gramados, o espetáculo da corrupção segue nos bastidores. E com o aval silencioso dos que deveriam zelar pela integridade do jogo.

OrlaNews

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