Esporte

CBF vai punir jogador que pisar com os dois pés na bola e dá mais um passo à europeização do futebol brasileiro

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) decidiu, mais uma vez, jogar contra a alma do futebol brasileiro. Em um novo ofício enviado às federações e clubes na última sexta-feira (04), a entidade informou que jogadores que “subirem com os dois pés na bola, serão punidos com cartão amarelo e tiro livre indireto. A justificativa? A CBF alega que o gesto provoca “transtornos no ambiente de jogo” e “impactos negativos ao nosso esporte”.

O que deveria ser visto como expressão legítima da criatividade e irreverência do futebol brasileiro está sendo sufocado sob a régua comportamental do futebol europeu. Lá, onde o jogo é mais tático, frio e pragmático, a malemolência é vista como falta de respeito. Aqui, sempre foi o oposto: driblar é arte, provocar com a bola nos pés é parte da cultura futebolística — e não agressão.

A regra da CBF, que se ancora em uma interpretação dúbia de “conduta antidesportiva”, se torna um símbolo de como a entidade tem, ano após ano, se afastado das raízes do futebol brasileiro. A magia do nosso jogo está sendo substituída por um manual de boas maneiras importado da Europa. Em nome de uma falsa ordem, se criminaliza o improviso.

O episódio que motivou a nova diretriz aconteceu na final do Paulistão entre Corinthians e Palmeiras, quando o atacante Memphis Depay subiu com os dois pés na bola. A jogada provocou uma briga generalizada — mas punir o drible e não a reação violenta dos adversários é jogar a culpa na liberdade criativa e não na intolerância.

Em vez de educar para o respeito dentro da diversidade de estilos, a CBF prefere podar o que nos diferencia. O futebol brasileiro, outrora reconhecido pela ginga, pela malícia artística e pelos dribles de placa, vai sendo pasteurizado a cada temporada, encaixotado em padrões que não nos pertencem.

E assim, a cada nova “norma de conduta”, a CBF continua fazendo aquilo que mais sabe: enfraquecer a essência do nosso futebol.

 

OrlaNews

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