Após vídeo de ministro do GSI, Governo Lula perde força para barrar a CPMI do 8 de janeiro
O líder do governo na Câmara, o deputado federal José Guimarães (PT-CE), disse na noite desta quarta-feira, 19, que, caso aconteça a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, a base petista vai “ajudar”.
“Se o Congresso quiser instalar a CPMI, estamos prontos para ajudar, inclusive para investigar”, declarou o petista. “Vamos colaborar, vamos para dentro e vamos querer que a CPMI apure tudo para que a verdade seja cada vez mais explicitada para o país.”
A “mudança” de discurso do líder acontece depois que a CNN Brasil divulgou imagens que mostram a presença do então ministro-chefe Marco Edson Gonçalves Dias, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), no Palácio do Planalto, em 8 de janeiro, quando os prédios dos Três Poderes foram depredados.
🚨 URGENTE: IMAGENS VAZADAS DO 8 DE JANEIRO
— Júlia Zanatta (@apropriajulia) April 19, 2023
Vazaram imagens que demonstram a provável preocupação do governo petista com a CPMI do 8 de janeiro.
Imagens gravadas no Palácio do Planalto na data mostram que agentes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) tiveram conduta bem… pic.twitter.com/hzQvee9Lem
Depois de uma reunião repentina convocada pelo presidente Lula, Dias pediu exoneração do governo. Segundo Guimarães, os partidos da base vão ser os primeiros a indicarem os membros do colegiado.
No Senado, o líder do governo no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), exclamou em alto e bom som que “quer a CPMI”.
“Ouçam bem claramente: queremos a investigação”, afirmou Rodrigues. “Queremos porque no 8 de janeiro tivemos três vítimas neste país: a República, a democracia e o atual governo. Não fomos os algozes do 8 de janeiro, nós somos as vítimas.”
Até então, membros do governo eram contrários à instalação da CPMI e tentavam deixar as investigações com a polícia e Judiciário. Contudo, o cenário mudou após a demissão de Gonçalves Dias do cargo de ministro-chefe do GSI.
Governo contra CPMI
Desde quando a oposição protocolou a CPMI, o governo tenta retirar assinaturas do requerimento represando emendas aos parlamentares que mantivessem o apoio ao pedido. A ação resultou no recuo de nove deputados.
No Congresso, o governo atuou — por intermédio do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) –, para adiar a sessão por três vezes. Mesmo com as investidas, o deputado federal André Fernandes (PL-CE), autor da CPMI, coletou 194 assinaturas de deputados e 37 de senadores. A sessão para a leitura do requerimento está marcada para a quarta-feira 26.
Por Rute Moraes/ Revista Oeste