Antony e o preço da polêmica: talento esquecido pela Seleção após acusações de agressão
O atacante brasileiro Antony, atualmente no Real Betis, da Espanha, está prestes a completar três anos sem vestir a camisa da Seleção Brasileira. A informal dispensa da amarelinha se deu após o jogador se envolver em uma polêmica com a ex-namorada, que o acusou de agressão. O caso não gerou condenação judicial, mas o que tudo indica, foi o suficiente para afastar o ex-são-paulino do radar da CBF.
Relembre o caso
A acusação contra Antony veio à tona em meados de 2023, quando Gabriela Cavallin, ex-namorada do jogador, o denunciou por agressões físicas e psicológicas durante o período em que se relacionaram. O caso repercutiu fortemente na imprensa brasileira e inglesa, especialmente porque o atleta já atuava no Manchester United, um dos clubes mais visados da Europa. As denúncias incluíam supostas agressões ocorridas no Brasil e na Inglaterra, o que fez com que autoridades dos dois países abrissem investigações.
Na época, Antony chegou a ser afastado temporariamente dos treinos do Manchester United, enquanto o clube avaliava a gravidade das acusações. O jogador negou as agressões, mas admitiu que houve um relacionamento conturbado com discussões e desentendimentos. O caso teve grande repercussão nas redes sociais e provocou reações divididas entre torcedores.
Com a repercussão do caso, ficou nítido a influência da TV brasileira que transmite os jogos da Seleção, que inicíou uma campanha contra a imagem do atleta, especialmente junto à Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Antony, que havia participado da Copa do Mundo de 2022 no Catar, não foi mais convocado desde então.
Consequências
Após o episódio, Antony viu sua carreira desacelerar. No Manchester United, perdeu espaço no time titular e passou a ser questionado tanto pela torcida quanto pela imprensa esportiva. As críticas não se restringiram ao extracampo — seu desempenho também foi considerado abaixo das expectativas, com poucos gols, assistências e pouca efetividade nas partidas.
Em janeiro de 2025, com o fim do vínculo com o clube inglês se aproximando e sem o prestígio de antes, o jogador foi emprestado ao Real Betis, da Espanha. A transferência foi tratada como uma tentativa de recomeço. No novo clube, Antony tenta reencontrar o bom futebol que o levou à Seleção e à Premier League, mas ainda luta para recuperar o protagonismo perdido.
Enquanto isso, a Seleção Brasileira vive mais uma fase de reformulação, agora sob o comando do técnico italiano Carlo Ancelotti. Apesar da idade favorável e da vivência, Antony continua ignorado nas convocações. Nenhuma explicação oficial foi dada pela CBF, mas nos bastidores do futebol é consenso que a acusação de agressão ainda pesa sobre sua imagem e influência diretamente em sua ausência.
Afastado por mau futebol ou por ideologia?
Ainda que seu desempenho técnico tenha oscilado nos últimos anos, não há como ignorar que outros atletas com rendimento semelhante — ou até inferior — continuam a ser lembrados. O que pesa contra Antony, ao que tudo indica, não é apenas a bola, mas sim o cancelamento público provocado por forças ideológicas que passaram a ditar quem pode ou não permanecer sob os holofotes.
Vivemos uma era em que erros pessoais, ainda que não julgados pela Justiça, são suficientes para que figuras públicas sejam colocadas no banco dos réus — não apenas dos times, mas da vida pública. Como se fossem obrigadas a carregar a imagem de perfeição constante, sem espaço para queda, reconstrução ou amadurecimento.
No caso de Antony, é importante lembrar que estamos falando de um jovem de apenas 25 anos, que cresceu na periferia de São Paulo, venceu a pobreza e ascendeu rapidamente ao estrelato no futebol europeu. Esse processo, tão admirado nas manchetes, também traz pressões emocionais, decisões equivocadas e, muitas vezes, relações instáveis. Isso não deve servir de justificativa para comportamentos violentos, mas sim de alerta para a necessidade de olhar o atleta como ser humano em formação — e não como um símbolo descartável diante da primeira crise.