Política

A dupla face do União Brasil da Bahia para desassociar aliança com o PT

No atual cenário político brasileiro, o partido União Brasil, que comanda o Ministério das Comunicações e o Ministério do Turismo no governo Lula, enfrenta uma contradição intrigante e quase imperceptível para os eleitores baianos. Em Brasília, a aliança com o PT é sólida, mas no estado da Bahia, os líderes do partido adotam uma postura diferente. Figuras como ACM Neto, o deputado federal Paulo Azi, e os prefeitos de Camaçari, Feira de Santana e Vitória da Conquista, se esforçam para desassociar sua imagem do governo federal, criando uma narrativa de oposição e inimiga dos petistas no estado.

 

Essa duplicidade de discursos, levanta questões sobre as reais intenções do União Brasil. Enquanto ao nível federal o partido se beneficia da proximidade com o poder, garantindo ministérios, cargos federais e influência, no cenário estadual, a retórica anti-PT é um marketing alicerçado, usado de forma estratégica para manter a base de apoio tradicional. Este jogo de cena, visa proteger o eleitorado cativo da Bahia, que historicamente tende a ser mais conservador e menos alinhado com as políticas progressistas do PT.

ACM Neto, uma das principais figuras do partido na Bahia, desempenha um papel central no suposto plano. Neto, que já foi prefeito de Salvador e é uma liderança influente no estado e na comitiva nacional, adota uma postura crítica em relação aos governos petista Baiano, atitude que parece ser uma tentativa calculada de manter o controle político regional e evitar a perda de terreno para adversários que possam explorar uma suposta conivência sadia com o PT.

Já o deputado federal Paulo Azi, que vota sucessivamente nas aprovações do governo federal no Congresso, acompanha os prefeitos das principais cidades baianas que também seguem essa linha, reforçando a narrativa de oposição. Postura essa que permite ao União Brasil um posicionamento de alternativa ao PT, mesmo que, na prática, o partido mantenha uma colaboração estreita com aos anseios de Lula.

A manobra busca garantir sobrevivência política e a relevância em um estado onde o PT tem uma presença forte e consolidada. Entretanto, revela uma face complexa da política brasileira, onde alianças e oposições são moldadas conforme a conveniência e ao cenário local.

A atitude dos líderes baianos e do partido, é um exemplo claro de como a política pode ser uma arte de representação, onde a realidade e a imagem pública podem divergir substancialmente. A farsa montada pelo União Brasil na Bahia é uma demonstração de pragmatismo político, onde os caciques do partido sabem que, para manter a relevância e o poder, é preciso adaptar o discurso conforme a audiência. Contudo, essa estratégia também expõe a fragilidade e a falta de coerência ideológica, características que podem ser exploradas por adversários e analistas críticos.

O teatro político, afinal, pode garantir votos no curto prazo, mas também pode minar a credibilidade no longo prazo, diante de eleitores mais observadores e fiéis nas suas crenças, que não ver mais o político pela cor camisa, e sim pelos atos, que a cada eleição são mais notados e expostos, revelando o real interesse da classe.

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