Ex-vereador de Camaçari é nomeado na Codevasf com salário de R$ 15 mil, mas não aparece no setor
O ex-vereador de Camaçari, Jorge Curvelo, está no centro de uma denúncia que aponta uma possível nomeação irregular na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). De acordo com informações do site Jornal Camaçari, Curvelo teria sido nomeado para um cargo de assessor da superintendência da Codevasf em Juazeiro, no norte da Bahia, com salário de R$ 15.103,16, mas não estaria comparecendo ao local de trabalho, o que levanta suspeitas de que o cargo seria apenas simbólico — um “cargo fantasma”.
A nomeação de Jorge Curvelo foi confirmada por meio de consulta ao registro oficial de empregados da estatal. O ato foi publicado no dia 21 de março de 2025. Curiosamente, três dias antes, o ex-vereador havia compartilhado em suas redes sociais um encontro com o deputado federal Paulo Azi (União Brasil) — apontado como padrinho político da indicação — e o ex-prefeito de Camaçari, Elinaldo Araújo, do mesmo partido.
Segundo a denúncia, a nomeação de Jorge Curvelo não seria um caso isolado. O autor do relato afirma que servidores da própria Codevasf têm denunciado um padrão de ocupações fictícias dentro da estatal, impulsionadas por acordos políticos ligados ao União Brasil e o Governo Lula.
O caso ganhou ainda mais complexidade após a recente exoneração de Miled Cussa Filho, então superintendente da Codevasf em Juazeiro e superior direto de Jorge Curvelo. Cussa foi afastado do cargo em 9 de maio, um dia após colaborar com investigações do Ministério Público Federal (MPF) e da Controladoria-Geral da União (CGU).
Ele teria entregue documentos e prestado depoimentos que envolvem suspeitas de fraudes e superfaturamento em contratos com a empresa Allpha Pavimentações, no valor de R$ 57 milhões. A Allpha é investigada como uma das principais envolvidas na Operação Overclean, que apura um esquema de corrupção, fraude em licitações, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro.
Conexão com Camaçari
A Allpha Pavimentações pertence aos empresários Alex e Fábio Rezende Parente — este último chegou a ser preso durante a operação. Ambos também são sócios da empresa Larclean Saúde Ambiental, que em abril de 2024 firmou contrato com a Prefeitura de Camaçari, durante a gestão de Elinaldo Araújo, para execução de serviços de controle de pragas urbanas, ao custo de R$ 7,9 milhões.
O valor chamou atenção: quatro empresas concorrentes apresentaram propostas significativamente mais baratas, variando de R$ 2,4 milhões a R$ 4,3 milhões.
Durante a investigação, a Polícia Federal apreendeu uma planilha que indicaria planos de expansão do esquema para outros municípios, utilizando a ata de preços de Camaçari como base para novas contratações. Estariam na mira cidades como Itapetinga (BA), Ibipitanga (BA), Pedrão (BA), Ibicaraí (BA), Palmas (TO), Petrolina (PE) e João Pessoa (PB).