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Consultas e exames pelo SUS em Camaçari vira teste de resistência para quem depende da saúde pública

Mesmo com diversas unidades de saúde espalhadas pela sede e orla de Camaçari, pacientes do SUS seguem enfrentando uma verdadeira jornada para conseguir realizar exames e consultas agendadas pelo sistema da prefeitura. A espera por um procedimento pode levar meses e, quando finalmente o atendimento é marcado, o local indicado costuma surpreender pela distância e pela dificuldade de acesso.

Na sede do município, onde há várias clínicas credenciadas, moradores têm recebido autorizações para realizar procedimentos em unidades situadas em bairros como Vila de Abrantes, Arembepe e até Monte Gordo. Já os moradores da própria orla — que teoricamente estariam mais próximos dessas comunidades — relatam situações ainda mais absurdas: deslocamentos em trajetos sem linha direta de ônibus, horas de espera no transporte público e, em muitos casos, a necessidade de pagar mototáxi para concluir o trajeto.

“Eu moro em Vila de Abrantes e agendaram um exame de vista numa clínica localizada na Estrada Velha de Monte Gordo, que pelo tempo de espera e escassez de conduções diretas ao local onde está localizada as unidades. Para concluir o percurso, eu e vários pacientemos que conheci na unidade, tivemos que pagar mototáxi, porque a clínica fica num lugar totalmente fora de mão”, relata um morador que preferiu não se identificar.

Em outro relato, uma mulher, que também não quis se identificar, citou que a regulação municipal só deu a opção de realizar um exame no Multicentro de Monte Gordo — de um extremo ao outro da orla. “No dia da marcação, até pedi à atendente que colocasse para Camaçari, por ter mais opção de transporte. Infelizmente, ela disse que no sistema só tinha para lá… Pela necessidade e por não ter outra opção, aceitei”, contou a paciente, visivelmente frustrada.

Para o munícipe, a pergunta que fica é: por que clínicas localizadas em pontos tão inacessíveis seguem sendo escolhidas como prestadoras de serviço do SUS, quando há opções mais próximas e acessíveis para a população? Seria apenas desorganização da Central de Regulação, ou haveria interesses comerciais que se sobrepõem à lógica do atendimento público?

Além da dificuldade logística, há o impacto emocional: idosos, pessoas com mobilidade reduzida, gestantes e crianças são diretamente prejudicados por uma política de agendamento que ignora a realidade geográfica e o transporte público do município, que já é caótico pela própria ineficiência da gestão.

Nossa redação entrou em contato com a Secretaria de Saúde de Camaçari, mas até o fechamento desta matéria, não recebemos resposta da gestão. O espaço segue aberto para manifestação.

 

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