Após polêmica, CBF não confirma camisa vermelha como segundo uniforme da Seleção
Romper com uma tradição quase centenária nunca é algo simples — e menos ainda quando se trata de um dos maiores símbolos do futebol mundial: a camisa da Seleção Brasileira. A proposta apresentada pela Nike para o segundo uniforme da equipe na Copa do Mundo de 2026 gerou ondas de reações negativas, tanto dentro quanto fora dos bastidores da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O motivo? A supressão total da cor azul do design, predominante por um tom vermelho que, ao que não faz parte das cores do Brasil.
A revelação inicial aconteceu ainda no final de 2023, quando a CBF teve acesso a um protótipo da nova camisa. Em janeiro de 2024, a entidade teria dado aprovação inicial para que o fornecedor avançasse no desenvolvimento do modelo. Apesar disso, o sinal verde definitivo ainda não foi dado. A decisão final deverá ocorrer apenas em junho, durante o Super Mundial de Clubes da Fifa, em uma reunião entre dirigentes da CBF e representantes da Nike. Só após esse encontro, o novo uniforme deverá ser oficializado, com lançamento previsto para o início de 2026 — ou seja, poucos meses antes do Mundial nos Estados Unidos.
O debate, porém, já está instalado. E isso se deve principalmente à divulgação feita pelo site Footy Headlines, especializado em designs de camisas de futebol, que classificou a nova proposta como “uma cor inédita e sem relação com os tons da bandeira nacional”. Em nova publicação, o portal cravou especificamente o vermelho como parte central do novo visual. A repercussão foi imediata. Torcedores nas redes sociais demonstraram muita revolta e desconforto com a possibilidade de ver a Seleção Brasileira com uma camisa cuja inspiração principal foge das cores tradicionais.
Embora fontes ligadas à CBF afirmem que a informação sobre a exatidão do cor “não está precisa”, o silêncio tanto da confederação quanto da Nike diante das especulações só alimenta o clima de incerteza. Até o momento, nenhuma das partes se manifestou oficialmente sobre o caso. No entanto, o cronograma apertado de produção pressiona as decisões. Para cumprir o padrão exigido globalmente pelos fabricantes esportivos, o design final precisa estar pronto até o segundo semestre deste ano.
A mudança visual pode subir como algo secundário diante de outros desafios do futebol brasileiro, mas a camisa da Seleção vai muito além do tecido. Ela carrega história, identidade e memória afetiva de milhões de brasileiros. O azul sempre esteve presente na segunda camisa, mesmo que em diferentes tonalidades, desde meados do século XX. Substituí-lo por um vermelho sem conexão direta com a nossa identidade nacional parece mais uma escolha comercial do que simbólica.
A CBF tem, agora, uma oportunidade única: ouvir torcedores, historiadores e especialistas, construir um novo design que dialogue com o passado, mas também projetar o futuro. Romper tradições não é proibido, mas deve ser feito com respeito à história e com transparência para explicar os motivos da mudança. Se depender da comoção popular, o vermelho está cancelado na Seleção. Resta saber se a Confederação vai ouvir a população e manter a tradição, longe dos interesses da Nike e da Rede Globo.