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Sem transporte público, moradores da Cordoaria gastam até R$28,00 por dia para saírem do bairro

Os moradores da Cordoaria, comunidade remanescente de quilombo localizada na zona rural de Abrantes, em Camaçari, vivem um drama que expõe o descaso do poder público com as populações tradicionais. Em pleno 2025, a comunidade enfrenta o isolamento forçado pela falta de transporte público regular.

Atualmente, a única opção de locomoção disponível para quem mora na comunidade é o serviço de mototáxi, que cobra R$14,00 por viagem até Vila de Abrantes, chegando a pagar R$28,00 por dia, com ida e volta para casa, um valor incompatível com a realidade financeira da maioria dos moradores.

Além disso, a situação se agrava ainda mais para as crianças, que, por não terem idade para transitar na garupa de motos, e para os idosos, que muitas vezes não possuem força física para esse tipo de transporte, acabam praticamente impedidos de sair da comunidade, se deslocando de carona e ponga no transporte escolar, que muitas vezes é negado pelos organizadores.

Segundo relatos de moradores, o transporte coletivo que existia foi retirado há cerca de oito meses. Antes, um ônibus passava pela manhã e outro no final da tarde, oferecendo ao menos uma alternativa mínima para quem precisava trabalhar ou buscar atendimento médico. Com a retirada do serviço, restou o silêncio das autoridades municipais, que deveriam fiscalizar e assegurar a prestação adequada do transporte público.

A Cordoaria carrega a memória viva da resistência quilombola, mas o tratamento dispensado hoje à comunidade parece ignorar essa história. Sem transporte público, seus moradores vivem como se ainda estivessem condenados ao isolamento de séculos atrás, convivendo com barreiras que limitam o acesso à cidadania plena.

 Por estarmos rodando esta matéria no final de semana, não houve tempo hábil para buscar uma reposta por parte da prefeitura de Camaçari, que coordena as ações do transporte público municipal. Desde já, a nossa redação está à disposição do governo, caso o mesmo queira se pronunciar sobre o assunto. 

O que não pode, é uma cidade do porte de Camaçari naturalize tamanha desigualdade. Transporte público é um direito, não um favor. Negá-lo é perpetuar injustiças históricas e reforçar a exclusão social.

 

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