Deputados baianos terão diárias de até R$ 4,6 mil para viagens ao exterior com novo reajuste aprovado pela Alba
Enquanto o salário mínimo no Brasil 2025 está estacionado em R$ 1.518, os deputados estaduais da Bahia passarão a receber até três vezes esse valor por dia em viagens internacionais. A Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) reajustou os valores das diárias pagas a parlamentares e servidores que estiverem em missão oficial, conforme ato publicado no Diário Oficial do último sábado (5).
Para viagens dentro do Brasil, incluindo o Distrito Federal, os deputados terão direito a R$ 1.160,00 por diária. No caso dos servidores, os valores variam entre R$ 450,00 e R$ 810,00, de acordo com o cargo ocupado.
Mas os maiores reajustes estão nos valores pagos para deslocamentos internacionais. Se o destino for a América do Norte, cada deputado receberá US$ 790,00 por dia — o equivalente a R$ 4.600,00, na cotação atual. Para países da América do Sul, a diária será de US$ 600, cerca de R$ 3.500. Em viagens a outras partes do mundo, os parlamentares vão embolsar €$ 650, aproximadamente R$ 4.100 por dia.
Além disso, servidores em cargos de Secretário Parlamentar (SP) poderão receber diárias, com a limitação de dois por gabinete e um teto de até oito diárias mensais.
Privilégio institucionalizado e distante da realidade
Em um estado onde boa parte da população depende de serviços públicos precários e enfrenta dificuldades para acessar o básico, como saúde e transporte, o reajuste nas diárias representa um contraste gritante com a realidade do cidadão comum. A generosidade da Alba com o próprio bolso parece ignorar o cenário de desigualdade social e a necessidade de austeridade no uso do dinheiro público.
Enquanto o trabalhador brasileiro mal cobre suas despesas básicas com o salário mínimo, deputados poderão desfrutar até R$ 4.600 por dia apenas para se alimentar e se hospedar fora do país — em missões muitas vezes de resultados questionáveis. A falta de transparência sobre os critérios e impactos reais dessas viagens só reforça a percepção de um Legislativo desconectado de quem paga a conta é o contribuinte baiano.