Operação Overclean: Empresário ligado a políticos do União Brasil pode fechar acordo de delação premiada
A Polícia Federal (PF) trabalha para firmar um acordo de delação premiada com o empresário José Marcos Moura, conhecido como “rei do lixo”, preso na semana passada durante a Operação Overclean. Moura é acusado de liderar um esquema de fraudes em licitações públicas envolvendo recursos oriundos de emendas parlamentares direcionadas ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). Segundo a CNN, o esquema teria movimentado cerca de R$ 1,4 bilhão.
A investigação aponta Moura como uma das lideranças centrais de uma rede criminosa que desviava recursos públicos através de contratos fraudulentos com o DNOCS e diversas prefeituras. Além de Moura, outros nomes de destaque, como os empresários Alex Parente e Fabio Parente, também estão entre os alvos da operação e podem ser incluídos em acordos de colaboração.
Ligado a políticos influentes
A investigação revelou conexões de José Marcos Moura com figuras de destaque no cenário político. Um dos principais nomes mencionados é o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil). Moura teria sido indicado por Neto para compor o diretório nacional do União Brasil. Interceptações telefônicas e escutas ambientais mostram Moura referindo-se a um “amigo” que, segundo a PF, seria ACM Neto. Há suspeitas de que o empresário tenha discutido com o ex-prefeito o pagamento de contratos da Larclean Saúde Ambiental Ltda., uma das empresas investigadas e que firmou contratos com a prefeitura de Salvador através da Secretaria Municipal da Educação.
Em nota, a assessoria de ACM Neto negou qualquer envolvimento do ex-prefeito no caso. Segundo a defesa, não há diálogos ou citações diretas a Neto nos autos, apenas inferências que não comprovam nenhum ato ilícito.
Outras ramificações políticas
O escândalo também atinge outros nomes de peso, como o senador Davi Alcolumbre (União-AP). A chefe de gabinete de Alcolumbre, Ana Paula Magalhães de Albuquerque Lima, foi mencionada em conversas interceptadas, sendo chamada de “Ana Paula Davi” pelos investigados. A PF suspeita que ela tenha facilitado a liberação de emendas parlamentares, contribuindo para o desvio de recursos.
Os modos operantes do esquema envolvia a destinação de emendas parlamentares para prefeituras, com a exigência de um retorno de 10% dos valores desviados para emissários políticos. O grupo utilizava empresas de fachada e intermediários para dar aparência de legalidade às transações, permitindo que o esquema alcançasse diversas regiões do país.
Impacto financeiro
Até o momento, as investigações apontam que o esquema movimentou mais de R$ 1 bilhão em recursos públicos. Com a possível delação de José Marcos Moura e de outros envolvidos, a expectativa é de que novos nomes sejam revelados, ampliando o alcance das investigações sobre a corrupção sistêmica envolvendo o União Brasil e outras esferas políticas.
A Operação Overclean segue em curso, prometendo desdobramentos que podem estremecer ainda mais o cenário político nacional.
Fonte: Bnews