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Banda Ara Ketu desiste de participar do Carnaval 2024: “Não nos querem aqui”

A banda Ara Ketu, anunciou sua retirada do Carnaval de Salvador em 2024. O anúncio veio por meio de um desabafo nas redes sociais, quando o cantor Dan Miranda, alegou que a proposta oferecida pela Prefeitura é “humilhante” e reflete um histórico de desvalorização. A carta compartilhada pela assessoria de imprensa expressa a frustração da banda diante das condições apresentadas pela administração municipal.

“No dia 27 de janeiro de 2024 fomos surpreendidos, mais uma vez, pela Prefeitura de Salvador com um tratamento que desvaloriza a nossa apresentação no Carnaval 2024. 31 anos depois a história se repete”, declara a carta.

A principal queixa da banda é em relação à oferta financeira, mencionando que foi proposto o mesmo cachê de 2017, resultando em um congelamento de seus serviços por sete anos. A tentativa de negociar condições mais justas foi, segundo eles, recebida com uma resposta “negativa e até humilhante” por parte da prefeitura.

A carta continua destacando a percepção de falta de valor, especulando que isso pode estar relacionado à origem da banda, enraizada em uma comunidade preta e pobre. “Talvez pelo fato de pertencer a uma comunidade Preta e pobre, local, romantizado em nada pela classe branca e mandatária de nosso Estado/Cidade”, expressa o comunicado.

A decisão de não participar do Carnaval de Salvador é apresentada como um protesto da equipe contra o “descaso e humilhações” enfrentados ao longo dos últimos anos. A banda afirma que seu Carnaval será dedicado ao Brasil como um todo, mas não incluirá a cidade que, segundo eles, não os quer. “Porque eles não nos querem aqui. Milhões para os que vêm de fora e descaso para os que sempre fizeram a festa acontecer”, conclui a carta.

Confira na íntegra:

Estamos desistindo de desfilar no Carnaval de Salvador. No dia 27 de janeiro de 2024 fomos surpreendidos, mais uma vez, pela Prefeitura de Salvador com um tratamento que desvaloriza a nossa apresentação no carnaval 2024. 31 anos depois a história se repete…
 

Depois de uma classificação estranha no Ouro Negro (que em tese era para ser um programa de valorização do povo Negro da Bahia), recebemos a proposta de pagamento de cachê para apresentação da banda Ara Ketu com o mesmo valor de 2017. Ou seja, congelamento de nossos serviços por 7 anos. 

Tentamos argumentar, mas mediante a resposta negativa e até humilhante da prefeitura, resolvemos sair do Carnaval de Salvador. Percebemos que não temos valor aqui, talvez pelo fato de pertencer a uma comunidade Preta e pobre, local que em nada é romantizado pela classe branca e mandatária de nosso Estado/Cidade.

Ir ao subúrbio não é bonito… Não é cult… 
Somos suburbanos e defendemos nossa comunidade. Cantamos aos quatro cantos do Brasil e no mundo que viemos de Periperi. Nossa contribuição para esse formato de carnaval que existe hoje, pelo que entendemos dos nossos mandatários, não existiu. É sempre assim. Os trios elétricos que sobram, o horário de desfile lá no fim da fila e os horários nobres vocês sabem para quem vai.

O apagamento existe, afinal, eles “esquecem” que nós temos a primeira mulher, que, em plena década de 80, teve a coragem de criar e formar o Ara Ketu. Somos bem recebidos nos eventos do Brasil, acabamos de dividir palco com Bell e Ludmilla no Cabofolia, realizamos o pré-Carnaval de Fortaleza para milhares de pessoas, cantamos em diversas micaretas, mas para o carnaval de Salvador, somos uma atração sem valor, ou com o  “é isso que temos para vocês”.

Temos o nosso valor. No ano em que completamos 44 anos de história, vamos criar o dia do Ara Ketu, em 8 de março (dia da nossa fundação), inciando o ciclo de comemorações de 45 anos. Iremos para a nossa comunidade, mas não como banda. Como instituição cidadã. 

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