Na Argentina, Lula confirma empréstimos do BNDES para desenvolver outros países
Durante a visita oficial à Argentina nesta segunda-feira, 23, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Brasil, deve financiar obras de engenharia em países aliados.
“Se há interesse dos empresários e do governo, e nós temos um banco de desenvolvimento para isso, eu quero dizer que nós vamos criar as condições para fazer o financiamento que a gente puder fazer para ajudar o gasoduto argentino”, disse Lula. A fala ocorreu depois de ser questionado quanto à possibilidade de um financiamento do BNDES para obra no país vizinho, na região de Vaca Muerta.
Entre 1998 e 2017, o BNDES emprestou US$ 10 bilhões para a execução de projetos de engenharia em outros países. Um grupo formado por cinco construtoras brasileiras recebeu 98% desse valor. São elas: Odebrecht (76%), Andrade Gutierrez (14%), Queiroz Galvão (4%), Camargo Correa (2%) e OAS (2%).
Essas mesmas empresas foram investigadas e condenadas por esquemas de corrupção envolvendo o governo federal durante os mandatos anteriores do PT na Presidência da República. Executivos que trabalhavam nessas construtoras fizeram acordos de delação premiada e devolveram quantias milionárias aos cofres públicos.
A Justiça condenou Lula à prisão em razão das relações que ele manteve com algumas dessas companhias. Um dos casos emblemáticos relaciona o recebimento de um triplex no Guarujá concluído pela OAS como propina para o presidente.
Entre os países beneficiados, seis receberam quase 90% do total. A Angola conseguiu o maior valor (pouco mais de US$ 3 bilhões). A Argentina aparece na segunda posição: R$ 2 bilhões. Na sequência, estão Venezuela (US$ 1,5 bilhão), República Dominicana (cerca de US$ 1 bilhão), Equador (US$ 700 milhões) e Cuba (US$ 650 milhões).
Por Revista Oeste
Lula tem orgulho dos empréstimos
No discurso de hoje na Argentina, Lula ressaltou que tem orgulho do período em que o BNDES financiava projetos em nações da América do Sul e da África. “De vez em quando, no Brasil, nós somos criticados por pura ignorância por pessoas que acham que não pode haver financiamento de engenharia para outros países”, declarou.