Fábio Mota diz que se arrepende de ter apoiado Paulo Carneiro
A crise institucional do Vitória teve mais um capítulo nos últimos dias. Com o pedido de licença de Luiz Henrique Viana para tratar a saúde e a prorrogação do afastamento de Paulo Carneiro por 60 dias, coube a Fábio Mota, presidente do Conselho Deliberativo, a missão de assumir a presidência do Conselho Diretor do clube pelos próximos 30 dias, a partir desta quinta-feira.
Em entrevista ao GE, Fábio Mota explicou como vai funcionar o grupo gestor, formado por nomes conhecidos do torcedor rubro-negro, entre eles os ex-presidentes Alexi Portela e Ademar Lemos, e o ex-vice-presidente Manoel Matos.
– Eu tinha duas alternativas: renunciar, ir para casa e dizer que o problema não é meu. Se eu fizesse isso, não iria dormir. Minha família foi contra, meus amigos. Assumirei nesses 30 dias. Inclusive, sem receber um centavo. E montarei um grupo gestor – disse.
Fábio também esclareceu a situação de Paulo Carneiro, afastado desde o dia 2 de setembro, quando o Conselho Deliberativo decidiu acatar o parecer do Conselho de Ética e sugeriu a suspensão do gestor para que possíveis irregularidades fossem melhor apuradas por uma comissão processante.
– O processo de investigação de afastamento do presidente não foi concluído. Temos uma comissão processante. Estava com relatório pronto para apresentar com relação ao afastamento. Mas, nos últimos dez dias, recebeu um ofício do presidente afastado em que ele requeria oitiva de oito testemunhas. Evidente que, se a comissão processante negasse, iria ser acusada depois de se insurgir contra princípios constitucionais da defesa. Então, a comissão acatou – explica.
Fábio, que integrou a chapa de Paulo Carneiro, admitiu arrependimento pelo apoio ao gestor durante a eleição. Recentemente, Paulo Carneiro chamou o presidente do Conselho Deliberativo do clube de “judas”.
– Estávamos vindo de duas gestões ruins, que levaram o clube para Série B, endividaram o clube. E a ideia da eleição de Paulo Carneiro não foi só minha. Manoel Matos não aceitou ser candidato, nem Alexi, nem Ademar. Por fim, convergiu para Paulo ser candidato. E tinha-se uma ação que montava o grupo, e as ações seriam debatidas, conversadas. Infelizmente, o que foi planejado durante a campanha não foi feito. Evidente que me arrependo [de ter apoiado Paulo Carneiro]. Além de presidente do Conselho, sou torcedor do Vitória. Não queria que o clube tivesse passado pelo passou. Errei, mas não sou único que errou. Errou quem apoiou Ricardo David, Ivã de Almeida. O Vitória vem em uma sucessão de erros. Assumo minha parte da culpa.
Paulo Carneiro é o quinto presidente diferente do Vitória nos últimos seis anos. Os dois anteriores, Ivã de Almeida e Ricardo David, renunciaram ao cargo após forte pressão política. Antes deles, a situação também aconteceu com Carlos Falcão, em 2015. Apenas Raimundo Viana, que teve o chamado “mandato tampão”, entre Falcão e Ivã de Almeida, conseguiu completar o mandato.
Por: GE/BA