Política

Com a presença de especialistas, Câmara de vereadores debatem a volta às aulas presenciais na manhã desta quinta (6)

A Câmara de Vereadores de Camaçari promoveu nesta quinta-feira (6), um debate entre vereadores e especialistas da área de educação e saúde, no tocante a retomada das aulas presenciais nesse período de pandemia. O debate garantiu a manifestação e posicionamentos diversos e contrários e trouxe para discussão questões fundamentais e direcionamentos técnicos para fomentar a reflexão sobre a construção de um caminho para o fortalecimento do ensino durante a pandemia.

Entre as palestrantes estava a pneumologista pediátrica, Paula Tannus, que faz parte do Movimento Volta às Aulas, em Salvador. Para ela, a retomada das aulas não significará aumento do contágio e da disseminação da Covid-19. “Dentro do ambiente escolar, pesquisas mostram que a transmissão de criança para criança foi de 0,3%; de criança para adulto foi de 1%; e de adulto para criança foi 1,5%”, mostrou. Já podemos afirmar que o vírus não tem grande impacto em crianças, mas elas têm sido as maiores vítimas do que o isolamento social acarreta, como doenças emocionais, suicídios, violência doméstica, dentre outros”, acrescentou.

Apontando questões estruturais, o Dr. Rodrigo Santos, PH.D. em Educação, Política e Gestão, ressaltou que é preciso discutir a aprendizagem e não somente a retomada do ensino presencial. “Precisamos discutir aprendizagem. Não adianta fazer movimentos para retomada, se não efetivarmos o compromisso com a aprendizagem real. A pandemia só deixou mais clara a necessidade de rever a forma como se gere a educação no país e os seus resultados”, opinou.

A presidente do Sindicato dos Professores e Professoras da Rede Pública Municipal de Camaçari (Sispec), Márcia Novaes, reforçou que não se deve discutir a volta às aulas, já que a atividade educacional não foi paralisada no município. “Não deixamos de trabalhar um segundo sequer. Pelo contrário, temos feito esforço diário para não deixar nossos alunos ‘órfãos’ de ensino, diante das dificuldades trazidas pela pandemia. O que precisamos debater é a garantia das condições de trabalho para que professores possam seguir fazendo seu trabalho de maneira qualificada, seja presencialmente ou em modelo virtual ou híbrido”, defendeu.

A secretária municipal de educação, Neurilene Martins, afirmou que é preciso construir os caminhos de mãos dadas. “Aqui vemos exemplo de diversidade, diferença e maturidade necessária para o debate. São muitas nuances, muitas questões, que precisam ser resolvidas para acolher nossos alunos de maneira produtiva e segura. Precisamos reconhecer todo esforço que vem sendo feito para não paralisar o ensino”, explicou. Representando a gestão de saúde do município, o secretário Elias Natan deu uma visão geral da pandemia em Camaçari. “Temos 75% de ocupação de UTI atualmente, que é considerado um percentual administrável. As crianças não são o público majoritário de contaminados, mas também entendemos que a reabertura não pode ser feita de maneira açodada”, pontuou.

Representantes de escolas privadas também participaram do debate. Um deles foi o diretor da Escola Vila Infância, George Luís dos Santos Fernandes, que iniciou registrando que a pandemia causou o fechamento de cerca de 17 escolas privadas do município. “Não queremos reforçar uma briga entre escola privada e pública. Aqui estamos falando, todos nós, de vidas. Somos 80 escolas privadas resistindo nas suas atividades e com uma perspectiva de já termos demitido aproximadamente 20% dos funcionários. Estamos na luta tanto quanto as escolas públicas. Não estamos discutindo lucro, mas sim propósitos, empregos e dignidade”, declarou.

A participação do público também foi garantida. Uma delas foi a do professor da rede privada de Camaçari, Kaique Araújo, que defendeu a agilidade da vacinação para garantir a segurança de todos e a retomada das atividades escolares sem prejuízos ao combate efetivo da pandemia. Também a professora e mãe de aluno da rede pública, Rosângela Batista, que ressaltou a necessidade de garantir as condições básicas necessárias para a retomada das aulas e o respeito à educação do município.

Alguns vereadores também se manifestaram, dentre eles o proponente da audiência e presidente da Câmara, vereador Júnior Borges (DEM). “A nossa ideia com essa audiência era colocar em debate ideias plurais no sentido de auxiliar na tomada de decisões, ouvindo todas as opiniões. Esse é o papel do Legislativo e precisamos ter coragem de fazer essas discussões. Estamos todos aqui em defesa da vida e não há dúvida quanto a isso. Mas também precisamos colocar na mesa essas necessidades da área de educação”, reforçou.

O prefeito Elinaldo, já se pronunciou na manhã da última quarta-feira (5) sobre o tema. Segundo ele, está buscando uma saída legal para vacinar imediatamente 100%, com a primeira dose, todos os profissionais da educação do município, docentes e não docentes, das redes pública e municipal, visando, assim, a retomada ainda neste semestre.

 

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